BNDES: Diferenciação de produtos deve orientar farmacêuticas nacionais

As pressões sobre a formação de preços e a renovação de portfólio na indústria farmacêutica vem exigindo novas estratégias empresariais no Brasil. O estudo “O novo cenário de concorrência na indústria farmacêutica brasileira”, publicado na série BNDES Setorial 39, mapeia as oportunidades para o setor, ressaltando o papel do banco na indução de novas competências tecnológicas, além dos benefícios para pacientes e sistemas de saúde.

O estudo – elaborado por Renata Gomes, Vitor Pimentel, Márcia Lousada e João Paulo Pieroni – apresenta a evolução da indústria farmacêutica brasileira, que desde 2004 se estruturou para fabricar medicamentos segundo normas de qualidade nacional e internacional. Os genéricos deram outro impulso ao crescimento do mercado, junto com o conhecimento técnico acumulado a partir do desenvolvimento de formulações e de novos processos produtivos. O BNDES Profarma, programa de apoio ao desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde, teve importante papel nessa trajetória, segundo os autores.

Porém, a indústria farmacêutica nacional ainda apresenta pouco conhecimento em síntese química e em plataformas tecnológicas capazes de proporcionar inovações de maior complexidade, como novas moléculas ou medicamentos com inovações incrementais. Percebe-se que as estratégias comerciais ainda se sobressaem às estratégias tecnológicas no planejamento das empresas.

Portanto, o estudo recomenda que “considerando o estágio tecnológico da indústria e o cenário de acirramento da concorrência no mercado, a fixação de competências em tecnologias que viabilizem inovações incrementais parece ser o caminho mais factível para as empresas brasileiras. Novas associações de medicamentos, formulações melhoradas e novos usos para moléculas conhecidas devem ganhar prioridade nas estratégias de inovação das companhias”.

Tais inovações deverão apresentar benefícios perceptíveis para pacientes e sistemas de saúde (pagadores institucionais), diferenciando-se entre produtos relativamente homogêneos. Para viabilizar essa diferenciação, o estudo indica que hoje se discute novas regras de precificação de medicamentos que remunerem a indústria pelo esforço de desenvolvimento.

A conclusão no que toca ao BNDES é que suas ações de fomento deverão focar medicamentos que possam gerar novas capacitações tecnológicas para as empresas, benefícios de tratamento para pacientes e atendimento às políticas de saúde, com produtos com melhor relação custo-efetividade.

Veja aqui o estudo completo.

Portal Cebes, 21/05/2014