Saúde, Trabalho e Ambiente em debate

Mudança climática, crise hídrica, doenças re-emergentes, trabalho agrícola, violência ocupacional, insalubridade: não são poucos os desafios que o atual sistema produtivo coloca para o campo da Saúde. Eles estão em pauta no número temático da revista Saúde em Debate – Saúde, Trabalho e Ambiente, lançado pelo Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) na última segunda-feira, 24 de julho, na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). Durante o evento, que contou com transmissão on-line pelo Centro de Estudos Estratégicos (CEE-Fiocruz), o debate foi norteado pelas perguntas propostas pelo editorial da publicação: Qual a possibilidade de um pacto social que tire o Brasil da crise? Como construir caminhos alternativos para o país, com justiça social?

“Vivemos uma conjuntura de desmonte dos direitos sociais e trabalhistas, que rompe com o pacto da Constituição Federal. Sobretudo neste contexto é imprescindível estudar, analisar e discutir as questões envolvendo Saúde, Trabalho e Ambiente”, defendeu a especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, Cristiani Vieira Machado, pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde da Ensp/Fiocruz e colaboradora da rede Brasil Saúde Amanhã.

“Saúde e Ambiente e Saúde do Trabalhador são duas áreas complementares. Sua interface evidencia a superposicão de riscos a que as populações mais vulneráveis estão expostas. Este é o resultado de um modelo de desenvolvimento pautado pelo agronegócio, pelo uso de agrotóxicos, pela degradação ambiental, que afeta a todos, mas especialmente aos que trabalham nas indústrias do setor. Reunir essas duas dimensões da saúde, tão negligenciadas, em um mesmo número temático nos dá a oportunidade de aprofundar o olhar e o debate sobre essas questões”, comentou Maria Helena Barros de Oliveira, pesquisadora da Ensp/Fiocruz e uma das organizadoras da publicação.

Para Cristiani, ainda que realizados em contextos locais, os estudos publicados na revista têm grande potencial para impactar outras realidades, inclusive internacionalmente, contribuindo para transformar sistemas de saúde. “Por isso é tão importante criar estratégias como a revista Saúde em Debate, do Cebes, que por meio de suas indexações aumenta o alcance de nossa produção científica”, avaliou a pesquisadora. Atualmente, o periódico está indexado nas bases Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e SciELO Brasil.

A  diretora de Política Editorial do Cebes, Maria Lucia Frizon Rizzotto, lembrou a atuação histórica da revista Saúde em Debate no Movimento da Reforma Sanitária. “Proporcionar a circulação de estudos em defesa do direito à saúde tem sido a missão da revista desde o seu lançamento, em 1976. É triste constatar que este veículo, que publicou os principais textos que balizaram a construção do SUS em 1988, hoje nos traz análises preocupantes sobre a conjuntura atual, que sinalizam a desconstrução do compromisso do Estado com um sistema de saúde público, universal e de qualidade”, afirmou Maria Lucia.

 

 

Bel Levy
Saúde Amanhã
26/07/2017