Em 2033, doenças crônicas não transmissíveis causarão mais mortes

A mudança de hábitos e o envelhecimento da população brasileira representam novos desafios ao sistema de saúde. Dados de um estudo obtido pelo Correio, elaborado para o projeto Brasil Saúde Amanhã, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), atestam uma tendência para daqui a 20 anos: doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, câncer e hipertensão, ganharão um peso ainda maior em relação a outras. Essas enfermidades representam boa parte do cenário epidemiológico atual, mas a projeção para 2033 é que se sobressaiam mais em relação às infecciosas parasitárias, como as diarreias. A pesquisa mostra que a taxa de mortes a cada 100 mil habitantes por isquemias, a exemplo do infarto do miocárdio, deve crescer em 52%. O mesmo deve ocorrer com o diabetes, com aumento do índice de óbitos em 58,2%.

O levantamento elaborado pelo professor doutor em epidemiologia da Universidade de Brasília (UnB) Walter Massa Ramalho e pelo secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, será um capítulo do livro Brasil Saúde Amanhã: ensaios de prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro, previsto para novembro. O estudo não traz detalhes sobre a incidência das doenças, mas das taxas de mortalidade a cada 100 mil habitantes. As estimativas foram elaboradas com estatísticas baseadas no Sistema de Informatização de Mortalidade (SIM) e com a projeção da população para os próximos 20 anos. Os últimos números consolidados do índice de óbitos é de 2011, por isso, eles foram usados como ponto de partida para os cenários de 2033.

Ramalho explica que a transição do cenário epidemiológico de hoje está totalmente associada ao envelhecimento da população. Por isso, podem prevalecer as doenças crônicas não transmissíveis, que recebem essa classificação por terem sintomas prolongados. “Sabemos que as pessoas, em determinado momento, adoeciam das doenças infecciosas e parasitárias, tipicamente de crianças e adolescentes. Mas, agora, a gente passa a ter um maior acúmulo das doenças crônicas degenerativas”, explica. Um estudo publicado em 2006 na revista Epidemiologia e Serviços de Saúde mostrou que os gastos com as doenças crônicas chegaram a R$ 7,56 bilhões no ano anterior.

Foto que ilustra a capa: Divulgação/ Correio Braziliense

Correio Braziliense, 11/08/2014