Em Vitória, cubana do ‘Mais Médicos’ acredita que Brasil não precisará de médicos estrangeiros no futuro

Chegada de 22 médicos de diversas nacionalidades foi positiva para a cidade e eficaz para o atendimento à população. No entanto, governo local já se prepara para o fim do programa, daqui a três anos.

A Unidade de Saúde Thomaz Thomazzi, em Vitória, capital do Espírito Santo, teve sua equipe complementada por médicos brasileiros e estrangeiros do Programa Mais Médicos durante o último ano. Dentre eles, inclui-se a médica cubana Noraima Pérez del Llano, que considera a iniciativa primordial para o país, pelo menos até que o Brasil seja capaz de formar mais profissionais da área.

“Eu acho que o Brasil pode criar o seu próprio pessoal para trabalhar, sem a necessidade de trazer médicos de fora. Mas, por enquanto, até que o país consiga formar mais pessoas, o Programa Mais Médicos tem um objetivo primordial. Principalmente no interior, onde muitas comunidades ficavam sem médico por muito tempo e as pessoas são mais necessitadas, que é onde realmente o trabalho dos médicos é muito importante. E não só dos médicos cubanos, mas de todas as nacionalidades que integram o Programa, inclusive os brasileiros.” Essa é a avaliação geral que a médica cubana Noraima Pérez del Llano faz do Programa Mais Médicos.

Assista a entrevista em vídeo.

Noraima faz parte do projeto desde novembro de 2013, quando chegou ao Brasil. Ela ressalta a importância das visitas domiciliares, palestras e consultas praticadas pela equipe de saúde local para oferecer a informação adequada a cada paciente. No entanto, identifica a dificuldade de acesso a consultas com especialistas como um grande desafio para o sistema de saúde brasileiro.

A dificuldade na fixação de médicos especialistas na região é corroborada pela Secretária municipal de Saúde de Vitória, Daysi Koehler Behning. “Hoje nós temos um grande problema: não conseguimos contratar e fixar médicos para atendimentos de urgência e emergência, principalmente pediatras. Seria bom que a gente conseguisse ter um reforço de Mais Médicos nessa área”, diz Daysi.

Noraima se diz satisfeita com toda a equipe do posto e com os resultados deste esforço conjunto. “Eu realmente acho que estou conseguindo ajudar essas pessoas através do meu trabalho. Em cada visita, em cada atendimento, eu vejo que elas se sentem cuidadas. Acredito que nós estamos cumprindo com o nosso objetivo dentro do programa Mais Médicos”.

A secretária ainda afirma que a chegada de 22 médicos de diversas nacionalidades foi positiva para a cidade e, atualmente, se faz essencial para o atendimento na atenção primária para a população. No Espírito Santo, já são 403 médicos do programa – dos quais 289 são cubanos.

Nesse sentido, o governo local vem se preparando para o fim do programa, daqui a três anos, por meio de convênios com as universidades do estado para criar residências médicas em Saúde da Família e capacitar profissionais que queiram permanecer na região após a formação.

O Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) entrevistou 4 mil pessoas em 200 municípios espalhados pelo Brasil e registrou índice de aprovação de 95% em relação ao programa.

“É muito prazeroso ver o nível de satisfação dos usuários, dos gestores e dos profissionais. É muito bom ver esse resultado. Por outro lado, a gente tem um embate diário com a corporação médica, que não aceitou o projeto desde o seu início. Então a gente tem trabalhado também tentando essa aceitação, essa articulação. E eu acredito no programa, e é por isso que eu estou aqui”, disse a representante do Ministério da Saúde para o Programa Mais Médicos no Espírito Santo, Elizabeth Albuquerque.

ONU Brasil, 17/12/2014