GT de Saúde do G20 termina com a inclusão das mudanças climáticas na pauta da saúde

Pela primeira vez na história do G20, os ministros de saúde dos países membros assinaram no dia 31 de outubro, no Rio de Janeiro, uma declaração especial sobre mudanças climáticas e seus impactos na saúde. O documento Declaração Ministerial sobre Mudança Climática, Saúde e Equidade e Uma Só Saúde é resultado de um acordo unânime firmado após meses de negociações no Grupo de Trabalho de Saúde, que aprovou também a Declaração do Rio de Janeiro de Ministros da Saúde do G20. “Nosso compromisso é claro: devemos construir sistemas de saúde sustentáveis e resilientes. As mudanças climáticas representam uma ameaça significativa à saúde, especialmente para as populações mais vulneráveis. É nosso dever garantir que ninguém fique para trás”, declarou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, no encerramento dos trabalhos do GT. Para isso, os ministros reconheceram a urgência em enfrentar as crises de saúde causadas pelas mudanças climáticas, o que demanda recursos financeiros sustentáveis e uma abordagem integrada e intersetorial. A Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram destacados como essenciais para promover a saúde e o bem-estar para todos.

Os debates durante a presidência brasileira do GT de Saúde priorizaram a prevenção, a produção local de medicamentos e o impacto das mudanças climáticas na saúde, destacando a importância de uma abordagem de Saúde Única que integra saúde humana, animal e ambiental. Os documentos, que mencionam a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC) e o Acordo de Paris, além da Estratégia Global da OMS sobre Saúde, marca um passo significativo na busca por soluções colaborativas para melhorar a saúde global e fortalecer a resposta a futuras emergências globais. Eles alertam também para os impactos negativos de eventos climáticos extremos e da poluição do ar na saúde das pessoas, com o aumento de doenças infecciosas e não transmissíveis e de problemas de saúde mental. Os ministros da saúde dos países membros enfatizaram a relevância de enfrentar desigualdades históricas que afetam o acesso à saúde pela população e de dotar os sistemas de saúde de resiliência, levando em conta o caráter interdependente da saúde global.

Também foi anunciada a criação da Coalizão Global para Produção Local e Regional com o objetivo de facilitar o acesso a vacinas e a tratamentos em países de baixa e média renda, com foco em parcerias público-privadas, compartilhamento de conhecimento e transferência de tecnologias. “Investir em saúde é fundamental não apenas para melhorar resultados sanitários, mas para impulsionar o crescimento econômico e sustentável em nossos países”, afirmou a ministra Nísia Trindade. O Brasil atuará como sede da secretaria executiva da colisão, que presidirá nos primeiros anos. A coalizão contará com a adesão voluntária de países do G20 e de organizações internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), para suporte técnico e científico. Os ministros do G20 se comprometeram ainda a manter o impulso em direção a um sistema de saúde alinhado aos ODSs, especialmente ao ODS 3, que visa garantir saúde e bem-estar para todos. O papel da saúde digital também foi destacado como importante para o esforço de promoção do acesso a serviços de saúde, por causa das oportunidades abertas pela telemedicina e pelos avanços em Inteligência Artificial (IA) para a melhora da prestação de serviços e  da promoção da continuidade do cuidado.

A condução brasileira das discussões no GT20 foi elogiada por Aaron Motsoaledi, ministro da Saúde da África do Sul, país que será sede do G20 em 2025, que destacou a importância da Declaração de Saúde do Rio de Janeiro e ressaltou os esforços do Brasil para promover uma agenda robusta, que incluiu a prevenção, a preparação e a resposta a pandemias, a saúde digital e o impacto das mudanças climáticas na saúde, sempre pautados pelo princípio da equidade. O ministro mencionou ainda o sucesso das iniciativas para melhorar o acesso a vacinas e a terapias, assim como o reconhecimento do potencial transformador da tecnologia digital na ampliação dos serviços de saúde, especialmente para comunidades remotas. Ele elogiou o esforço do Brasil para elevar as vozes de comunidades marginalizadas e buscar a inclusão nas políticas de saúde, promovendo alianças regionais para produção e inovação em saúde. “A presidência do G20 da África do Sul seguirá o mesmo caminho no próximo ano, e aprendemos muito com a experiência brasileira. Temos estabelecido objetivos ambiciosos para a nossa presidência, que será guiada pelos princípios de solidariedade”, declarou.