A 6ª Conferência Global de Ciência, Tecnologia e Inovação (G-Stic 2023), realizada entre os dias 13 e 15 de fevereiro no campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), reuniu pela primeira vez na América Latina cientistas e especialistas nas áreas de inovação, tecnologia e sustentabilidade, com o objetivo de pensar estratégias para criar resiliência, recuperar o planeta dos impactos da Covid-19 e prepará-lo para enfrentar futuras crises de saúde, inclusive as decorrentes dos problemas ambientais. Os três dias de plenárias, em que estiveram representadas várias instituições brasileiras e internacionais, além da participação de cientistas e representantes da sociedade civil, mostraram como ciência e tecnologia são insumos essenciais para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), definidos pela Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, que participou da mesa de abertura do G-Stic, ressaltou que, quase oito anos após a aprovação dos ODSs, ainda há muito a se avançar. “Os serviços essenciais de saúde estão fora do alcance de pelo menos 50% da população mundial; 2,4 bilhões de pessoas não têm acesso a saneamento adequado; cerca de 840 milhões permanecem sem acesso a eletricidade e quase 700 milhões não têm acesso a água potável”, disse, defendendo que a ciência e a tecnologia apresentem soluções, orientadas por uma visão sistêmica e pelas premissas da equidade social, para enfrentar esses problemas e atender a toda a população.
O presidente em exercício da Fiocruz, Mário Moreira, por sua vez, destacou que a América Latina tem um alto potencial de desenvolvimento científico e que a transferência de tecnologia social é uma das grandes contribuições do Brasil para o cenário global atual. “A Fiocruz participa da discussão sobre tecnologia e inovação na Agenda 2030 de forma ativa e é reconhecida como Hub da Organização Mundial da Saúde [OMS] para desenvolvimento e produção de vacinas, com tecnologia RNA mensageiro na América Latina”, ressaltou. Ele frisou ainda a importância da discussão global sobre os direitos de propriedade de vacinas, que a Fiocruz entende ser um bem público.
Em seu discurso de abertura da sessão plenária Rumo a um futuro igualitário e sustentável, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, que participou por videoconferência diretamente de Damasco, na Síria, destacou a importância da cooperação entre países, para o incremento da equidade e da sustentabilidade em uma conjuntura global crescentemente desafiada por eventos extremos. “A pandemia eliminou mais de 40 anos de progresso na saúde e colocou milhões de pessoas na linha da extrema pobreza em 2020. Isso evidencia a importância de desenvolvermos sistemas de saúde mais resilientes. A pandemia mostrou a todos o tamanho das nossas vulnerabilidades, na medida em que uma crise de saúde pode escalar rapidamente para uma crise econômica, uma crise social e uma crise política”, complementou.
O vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, disse, no encerramento do evento, que a conferência foi importantíssima para a Fiocruz no atual contexto político brasileiro, que desafia as instituições de pesquisa e ciência, reforçar os laços de tecnologia e inovação na direção do cumprimento dos ODSs. “A realização deste evento é resultado do esforço que a Fiocruz tem feito para reforçar a construção de redes que possam compartilhar conhecimento”, disse.
A Fiocruz participou como coorganizadora do G-Stic por meio da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, coordenada por Paulo Gadelha. Para ele, um dos organizadores da 6ª G-Stic, o objetivo maior da conferência, de reunir competências e trocar experiências sobre tecnologias em favor do desenvolvimento sustentável, foi alcançado. Ele destacou que é fundamental para o sucesso da Agenda 2030 “retomar o protagonismo científico na interlocução com todos os agentes de saúde” e estabelecer pontes com as comunidades. “A ideia é desenvolvermos juntos a “Ecologia do Conhecimento”. Saber como usar o conhecimento essencial dos povos indígenas e tradicionais, por exemplo, e buscar oportunidades e meios para que as pessoas possam interagir. Essa é a essência do G-Stic 2023, e, nesse sentido, o evento atua como facilitador dessa aproximação entre todos os agentes”, defendeu.
O G-STIC é considerado a maior conferência global de ciência, tecnologia e inovação para aceleração da Agenda 2030. É organizado, desde 2017, em conjunto com a VITO, a principal organização de pesquisa e tecnologia em tecnologia limpa e desenvolvimento sustentável da Bélgica, e outros sete institutos de pesquisa de tecnologia independentes e sem fins lucrativos: FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz, Brasil), CSIR (O Conselho de Pesquisa Científica e Industrial, África do Sul), GIEC (Instituto de Conversão de Energia de Guangzhou, China), GIST (Instituto de Ciência e Tecnologia de Gwangju, Coreia do Sul), NACETEM (Centro Nacional de Gestão de Tecnologia, Nigéria), TERI (Instituto de Energia e Recursos, Índia) e SDSN (Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas). A próxima G-Stic será realizada em outubro de 2024 em Nova Deli, na Índia.
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