OMS atualizou a lista de patógenos que podem desencadear uma próxima pandemia

A Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou em 30 de julho a lista de patógenos que podem desencadear uma próxima pandemia, com base no trabalho de mais de 200 cientistas de mais de 50 países que passaram dois anos avaliando evidências relacionadas a 28 famílias virais e a um grupo central de bactérias, abrangendo 1.652 patógenos. A lista com mais de 30 patógenos, segundo os pesquisadores, ajudará as instituições internacionais de saúde a decidir onde concentrar esforços para o desenvolvimento de tratamentos, vacinas e diagnósticos. O relatório selecionou os patógenos com potencial de causar uma emergência global de saúde pública, como uma pandemia, com base em evidências do alto potencial de transmissão e virulência e do acesso limitado a tratamentos e vacinais.

Cientistas, no entanto, alertam que alguns patógenos da lista podem nunca causar uma epidemia e que uma eventual pandemia pode ser causada no futuro por um patógeno não previsto na lista. As duas listas anteriores divulgadas pela OMS, em 2017 e 2018, identificaram apenas cerca de uma dúzia de patógenos prioritários. A revisão periódica dessa lista é importante, segundo pesquisadores, pela necessidade de se levar em conta regularmente as principais mudanças globais e climáticas, como, entre outras, desmatamento, urbanização e o grande trânsito global de pessoas.  

Entre os mais de 30 patógenos prioritários listados estão o grupo de coronavírus conhecido como Sarbecovírus, que inclui o SARS-CoV-2 da pandemia global de COVID-19, e o Merbecovírus  (MERS).  Outras adições à lista incluem o vírus da varíola dos macacos, causa do surto global de varíola dos macacos em 2022 que continua a se espalhar em bolsões da África Central. Meia dúzia de vírus influenza A também entraram na lista, incluindo o subtipo H5, que provocou um surto em bovinos nos Estados Unidos. Entre as cinco bactérias – todas recém-adicionadas – estão cepas que causam a cólera, a peste, a disenteria, a diarreia e a pneumonia. Foram adicionados ainda dois vírus de roedores, com transmissão esporádica de humano para humano que pode aumentar devido as mudanças climáticas e o aumento da urbanização. O vírus Nipah, transmitido por morcegos, permaneceu na lista por ser mortal e altamente transmissível em animais e por não haver, atualmente, terapias para combate-lo. Muitos dos patógenos prioritários estão confinados em regiões específicas, mas têm o potencial de se espalhar globalmente segundo os cientistas.

Além da lista de patógenos prioritários, os pesquisadores criaram uma lista separada de “patógenos protótipos”, que poderiam atuar como modelo para estudos de ciência básica e o desenvolvimento de terapias e vacinas que venham a no futuro servir de base para outras pesquisas.