Autor
Thiago Moreno L. Souza, PhD
Ano
2019
Resumo
Há cerca de 120 anos, Oswaldo Cruz engajava-se em campanhas contra a febre amarela, peste bubônica e varíola, um marco nas políticas de saúde pública baseadas em evidências. Apesar do sucesso de Oswaldo Cruz naquele momento e dos incontáveis avanços na medicina e biotecnologia, o início do século XXI é marcado pela reemergência de febre amarela e de outras doenças causadas por arbovírus (vírus transmitidos por artrópodes, sobretudo mosquitos do gênero Aedes). Os quatro sorotipos do vírus da dengue apresentam marcante circulação no Brasil desde as décadas de 1980, tornando-se hiperendêmicos. Ainda, nos últimos 5 anos, observamos a emergência dos vírus Zika e chikungunya. A patogênese da Zika foi associada a malformações congênitas, como a microcefalia, cujo impacto de longo prazo no SUS é imensurável. Além disso, a infecção pelo vírus Zika pode disparar casos atípicos de paralisia neuromuscular em adultos, tanto na fase aguda, quanto na convalescente, associando-se, neste último caso, com a síndrome de Guillain-Barré. O vírus Zika pode ser transmitido sexualmente e ser encontrado, na sua forma infectiva, em vários fluidos biológicos. Chikungunya se associa a dores articulares, que podem se tornar crônicas, e distúrbios neuromusculares incapacitantes. Neste texto, revisaremos a epidemiologia, as características dos principais arbovírus, sua patogênese e manifestações clínicas. Ainda, revisaremos as informações contemporâneas sobre vigilância/diagnóstico, vacinas, controle de vetores e antivirais.