Autores
Ana Luiza d’Ávila Viana
Fabíola Lana Iozzi
Hudson Pacífico da Silva
Ano
2021
Resumo
A ordem vigente até a pandemia pode ser caracterizada por políticas neoliberais, que se expressavam em cadeias de suprimentos globais, predomínio da esfera financeira, desregulação acelerada, fraca atuação dos entes regulatórios supranacionais (sistema ONU), Estados sociais em desmonte ou fragilizados por sucessivas reformas e políticas econômicas de austeridade, desemprego em alta, precarização do trabalho e desigualdades crescentes (Viana & Silva, 2018; Murphy & McGann, 2020). Esse modelo começou a enfrentar desafios com a crise de 2008 e a recessão econômica daí advinda fez emergir políticas de austeridade fiscal com drásticos efeitos principalmente em países do sul. A crise prolongada dessa nova hegemonia abriu espaço para o que Chantal (2020) chama de momento populista, como expressão de diversas resistências às transformações políticas e econômicas observadas durante os anos da hegemonia neoliberal. Essas situações fizeram emergir o que vem sendo chamado de pós-democracia, como assinalado por Crouch (2004), para indicar a perda de dois pilares do ideal democrático – igualdade e soberania popular –, declínio do papel dos parlamentos e perda da soberania como consequência da globalização neoliberal. Segundo o autor (idem), a política volta a se tornar um negócio de elites fechadas, como foi nos tempos pré-democráticos.