Pele, próstata e mama serão os cânceres mais incidentes. Lançamento das estimativas acontece no Dia Nacional de Combate ao Câncer
O Brasil deverá registrar no próximo ano 596.070 novos casos de câncer. Entre os homens, são esperados 295.200 novos casos, e entre as mulheres, 300.870. A informação é do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), que anuncia as estimativas nacionais e regionais de casos novos da doença para 2016 (válida também para 2017) na solenidade em comemoração ao Dia Nacional de Combate ao Câncer, 27 de novembro, na sede do Instituto, no Rio de Janeiro.
O tipo de câncer mais incidente em ambos os sexos será o de pele não melanoma (175.760 casos novos a cada ano, sendo 80.850 em homens e 94.910 em mulheres), que corresponde a 29% do total estimado. Depois desse, para os homens, os cânceres mais incidentes serão os de próstata (61.200 novos casos/ano), pulmão (17.330), cólon e reto (16.660), estômago (12.920), cavidade oral (11.140), esôfago (7.950), bexiga (7.200), laringe (6.360) e leucemias (5.540). Entre as mulheres, as maiores incidências serão de cânceres de mama (57.960), cólon e reto (17.620), colo do útero (16.340), pulmão (10.860), estômago (7.600), corpo do útero (6.950), ovário (6.150), glândula tireoide (5.870) e linfoma não-Hodgkin (5.030).
Analisando-se as taxas brutas (número de casos a cada 100 mil habitantes) nas diferentes regiões, observa-se algumas variações importantes. Entre as mulheres, a Região Norte é a única onde o câncer de mama não será o mais incidente, excluindo-se o câncer de pele não melanoma. Lá, o tipo da doença que afeta o sexo feminino mais frequentemente é o câncer do colo do útero. Já na região Sul, colo do útero é o quarto tipo mais comum, com os cânceres de cólon e reto e o de pulmão ocupando o segundo e o terceiro lugares, respectivamente.
“O Brasil é um país extenso e diversificado cultural e economicamente. A realidade do País demanda ações, tanto gerais quanto específicas para determinados grupos, regiões e seus respectivos fatores de risco, como o combate ao fumo de forma geral, mas com ações direcionadas às mulheres jovens, especialmente adolescentes, o combate à obesidade, o incentivo à prática regular de atividade física e a disseminação de informações”, explica Luiz Felipe Ribeiro Pinto, vice-diretor-geral do INCA.
No sexo masculino, sem levar em consideração o câncer de pele não melanoma, o câncer de pulmão é o segundo mais incidente no País. Já no Norte e no Nordeste, os tumores malignos de estômago ocupam esta colocação. Este tipo de câncer pode estar relacionado a condições socioeconômicas menos favoráveis (o tabagismo e o consumo de alimentos conservados no sal contribuem para o aumento do risco). As leucemias aparecem em sexto lugar na região Norte, mas na classificação nacional são o nono tipo mais incidente.
A magnitude do câncer está relacionada aos fatores de risco, qualidade da assistência prestada, qualidade da informação e envelhecimento da população. Geralmente, quanto maior a proporção de pessoas idosas (tal como a população dos países da Europa, Estados Unidos e Canadá), maiores as taxas de incidência, especialmente dos tipos de câncer associados ao envelhecimento, como mama e próstata.
“Com o envelhecimento da população, as doenças crônicas não transmissíveis tornam-se cada vez mais comuns. Hoje, as doenças cardiovasculares e o câncer já são as principais causas de morte entre os brasileiros. O câncer destaca-se como um importante desafio à saúde pública e que demanda foco em ações de prevenção e controle da doença. Mas é importante ressaltar que, em comparação com os países desenvolvidos, o impacto do câncer no País (incidência e mortalidade) encontra-se em nível intermediário”, ressalta Marise Rebelo, gerente da Divisão de Vigilância e Análise de Situação.
FATORES DE RISCO – O câncer é uma doença multifatorial, o que significa que diversos fatores concorrem e podem se sobrepor, favorecendo seu desenvolvimento. O excesso de gordura corporal, por exemplo, pode estar na origem de boa parte desses novos casos. Estudos apontam evidências que relacionam o excesso de peso e o desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como os de cólon e reto, mama (na pós-menopausa), ovário, próstata, esôfago e endométrio.
As regiões Sul e Sudeste possuem características mais semelhantes aos países desenvolvidos, que se refletem nos principais tipos de câncer estimados para estas regiões, como próstata, mama e cólon e reto. Tais características incluem uma elevada prevalência de excesso de peso e obesidade, inatividade física e consumo de carnes processadas (salsicha, presunto, linguiça, carne seca etc.).
O tabagismo tem relação com vários tipos de câncer (pulmão, cavidade oral, laringe, esôfago, estômago, bexiga, colo do útero e leucemias). Fumantes chegam a ter 20 vezes mais chances de ter câncer de pulmão que não fumantes, 10 vezes mais chances de ter câncer de laringe e de duas a cinco vezes mais chances de desenvolver câncer de esôfago. A manutenção do sucesso do Programa Nacional de Controle do Tabagismo deverá impactar na redução destes tipos de câncer na população brasileira.
ESTIMATIVAS – Desde 1995, o INCA estima o número de novos casos dos principais cânceres que afetam a população brasileira com base nas informações geradas pelos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Inicialmente a divulgação era anual, mas desde 2006 é feita a cada dois anos.
Neste ano, foram considerados 19 tipos específicos de câncer, com base na magnitude e no impacto. As informações estão apresentadas de forma consolidada para o País e de forma desagregada para as regiões.
As estimativas servem para subsidiar gestores federais, estaduais e municipais no planejamento de ações e políticas públicas de controle do câncer. Os números de 2016/2017 não podem ser comparados com anos anteriores, uma vez que não têm como referência a mesma metodologia e as mesmas bases de dados. Há constantes melhorias na quantidade e qualidade das informações que servem de base para o cálculo das estimativas, permitindo o aprimoramento dos números publicados.
Agência da Saúde, 27/11/2015