A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou dia 1º de abril, em Nova York, resolução que define o período de 2016 a 2025 como a Década de Ação pela Nutrição. O Brasil foi um dos 31 países que apresentaram a proposta. “Consideramos uma grande oportunidade para unir iniciativas e esforços para erradicar a fome e prevenir todas as formas de má nutrição”, afirmou o embaixador Antonio Patriota, representante permanente do País na ONU.
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) reconhece que o Brasil é um dos países que mais reduziram a subalimentação nos últimos anos, tanto que o País saiu do Mapa Mundial da Fome em 2014. “Estamos ansiosos para nos envolver neste processo, compartilhando informações sobre nossas políticas públicas e aprendendo com outras experiências”, destacou o embaixador.
A experiência brasileira pode contribuir para a superação da fome no mundo. O Brasil se tornou referência internacional em questão de políticas de segurança alimentar e nutricional. Em 2015, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) recebeu 61 delegações de 40 países para conhecer as políticas públicas brasileiras, tanto em seminários como em visitas de campo, para que pudessem ver as ações em funcionamento. As missões vieram predominantemente da América Latina (40%) e da África (35%).
Novo ciclo – A resolução da ONU também alerta os países para a alimentação saudável. “As crianças não conseguem colher plenamente os benefícios da escolaridade se não tem acesso aos nutrientes necessários; e as economias emergentes não atingirão seu pleno potencial se os trabalhadores estiverem cronicamente cansados por causa de uma dieta desbalanceada”, explicou José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO.
No debate que está sendo realizado entre o governo federal e a sociedade para elaborar as novas diretrizes que vão compor o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PlanSAN) até 2019, o Brasil enfrenta novos desafios. “Agora temos um novo ciclo, com problemas relacionados à má alimentação, ao sobrepeso e à obesidade”, afirma o secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Arnoldo de Campos.
Um terço das crianças brasileiras está com sobrepeso (POF 2008-2009), 56,9% da população adulta está com excesso de peso e destes, 20,8% estão obesos (PNS, 2013). Isto tem contribuído com a expansão de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e diversos tipos de câncer.
Para enfrentar essa nova realidade, o governo federal, incluindo o INCA, em parceria com organizações da sociedade e o setor privado, lançou em março a campanha Brasil Saudável e Sustentável. O calendário da campanha passa pelas Olimpíadas Rio 2016 e se estende até maio de 2017, com a realização de ações que estimulem as pessoas a refletir sobre as vantagens do consumo de produtos locais, frescos, vindos da agricultura familiar, e a optar por escolhas alimentares mais saudáveis.
Inca, 04/04/16