O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR), Marcelo Neri, participou entre os dias 5 e 6 de setembro, de conferência internacional sobre desigualdade em Helsinque, na Finlândia. A conferência “Desigualdade: mensuração, tendências, impactos e políticas” foi organizada pelo Instituto Mundial da Universidade das Nações Unidas para Pesquisas de Economia do Desenvolvimento (UNU-WIDER), uma organização acadêmica sediada na capital finlandesa que busca promover os objetivos da ONU de trazer paz e progresso econômico através da reunião de estudiosos ao redor do mundo para debater os principais temas e desafios para o desenvolvimento global.
A conferência discutiu os mais recentes avanços na mensuração da desigualdade de renda, riqueza e do desenvolvimento humano. Foi discutido o impacto da desigualdade no desenvolvimento, assim como o impacto do desenvolvimento sobre a desigualdade, buscando extrair implicações para políticas de redução da desigualdade e pobreza, como sistemas de proteção social e tributários eficientes e equitativos que busquem a redistribuição.
Diversas experiências regionais e nacionais de redução da desigualdade foram compartilhadas, com destaque para a América Latina e o Brasil, assim como desafios apresentados. A conferência de alto nível contou com a presença de alguns dos maiores especialistas sobre desigualdade na academia, como James Foster, Anthony Shorrocks e François Bourguignon, além de presenças ilustres como a da ex-presidente da Finlândia, Tarja Halonen, que participou da sessão de encerramento.
O ministro Marcelo Neri fez a longa palestra magna de abertura do evento homônima ao da conferência abordando todos os principais pontos do programa, com no caso brasileiro. A palestra foi bem recebida, segundo o director geral da Wider, Finn Tarp: “Provavelmente, foi a melhor palestra que já tivemos na história do WIDER – e todo mundo com que falei estava cheio de elogios”.
A palestra explorou a redução da desigualdade no período de 2001 a 2014. “Numa comparação internacional, vemos que o Brasil funciona como uma maquete do mundo. Os mais pobres brasileiros são tão pobres quanto os mais pobres indianos e os mais ricos aqui estão próximos dos mais abastados russos. No entanto, enquanto a desigualdade aumenta em 75% dos países do mundo, ela vem em queda contínua no Brasil”. Neri ressaltou que “apesar da fotografia da desigualdade brasileira ainda ser muito ruim, o filme dos últimos anos é muito positivo, e o que os dados mais recentes do mercado de trabalho mostram é que, após uma estabilidade do índice de Gini em 2012, o processo de redução da desigualdade volta a continuar a partir de 2013 e com muita força”.
De acordo com os dados apresentados pelo ministro, os que mais se beneficiaram do progresso econômico brasileiro das últimas duas décadas foram os grupos tradicionalmente excluídos como mulheres, negros, nordestinos, moradores da periferia e analfabetos. “Esses grupos tiveram crescimentos a ritmos indianos, enquanto os que estão no topo da distribuição tiveram crescimentos como países europeus no período recente que foram positivos, mas bem menores” disse Neri, fazendo uma analogia ao acrônimo Belíndia, popularizado na década de 70 ao se referir à enorme desigualdade dentro do Brasil.
Neri deu especial atenção para o fato de que o principal motor da queda da desigualdade no país foi a renda do trabalho. “Os programas sociais foram muito importantes, principalmente pelo seu custo-benefício, gastando pouco e impactando muito na redução da pobreza e desigualdade. No entanto, eles desempenham papel coadjuvante. O principal elemento é a renda do trabalho, o que dá certa sustentabilidade ao processo”, disse Neri.
Na semana anterior, o ministro também teve participação na abertura e em um painel de oficina sobre pobreza realizada pela iniciativa “Mundo Sem Pobreza”, organização que a SAE integra com outros parceiros.
A integra das intervenções podem ser acessadas nos links abaixo:
Abertura Oficina Mundo Sem Pobreza
Assista ao vídeo da apresentação do ministro na conferência internacional
SAE, Setembro de 2014