Uma a cada dez mulheres pode desenvolver câncer de mama. O alerta do chefe da unidade de oncologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Marcos Santos, é para que as mulheres façam o autoexame periodicamente e, caso encontrem algum nódulo, procurem um médico o mais rápido possível. Quanto mais rápido o diagnóstico é feito, maior é a chances de cura e menor pode ser a intervenção cirúrgica.
“O câncer de mama é o segundo mais frequente no Brasil. O câncer de próstata em homens é mais frequente, mas tem uma importância clínica menor que o de mama, porque o melhor tratamento [da próstata] pode ser não fazer nada”, compara. “No câncer de mama não existe essa alternativa”, diz.
A mamografia está entre os exames mais importantes para diagnosticar o câncer de mama, uma doença que somente neste ano deve atingir 57.120 novas mulheres, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Não à toa, a mamografia recebeu investimentos robustos do governo federal nos últimos quatro anos. Entre 2010 e 2014, foram repassados R$ 3,3 bilhões a hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) que tratam de diversos canceres – entre eles o de mama, com a incidência mais agressiva entre as mulheres.
De acordo com o Ministério da Saúde, os recursos dos últimos quatro anos foram 45% maiores que o de mesmo período anterior. O resultado se refletiu no aumento expressivo de mamografias realizadas em mulheres de 50 a 69 anos, a faixa etária que registra o maior número de casos de câncer de mama. Em 2010, o SUS realizou cerca de 1,55 milhão de mamografias. No ano passado, esse número saltou para pouco mais de 2,5 milhões – um crescimento de 61,9%.
A mamografia é essencial para o tratamento da doença na mama. O oncologista do HUB afirma que mulheres a partir dos 50 anos devem fazer a mamografia a cada dois anos. “O grande segredo do câncer de mama é o diagnóstico precoce”, sugere.
O SUS ampliou também o volume de exames de pouco mais de 3 milhões, em 2010, para 4,3 milhões, em 2014. O exame pode e deve ser feito por mulheres de todas as idades, de acordo Santos. “Quanto mais jovens uma mulher desenvolver o câncer de mama, muito provavelmente maior é agressividade do tumor”, alerta.
A quantidade de cirurgias oncológicas também aumentou, passando de 251,2 mil, em 2010, para 291 mil no ano passado, o que representa um crescimento de 5,8% A cirurgia, contudo, não significa a retirada completa da mama, procedimento chamado de mastectomia. “Se a gente tiver um tratamento adjuvante de quimio e radioterapia efetivo, é possível diminuir o tamanho da cirurgia”, observa o oncologista do hospital da Universidade de Brasília (UnB).
A rede pública ampliou ainda o número de quimioterapias nos últimos quatro anos, etapa decisiva para a regressão de canceres. Foram realizados 29,7% a mais deste tipo de procedimento no mesmo período, saindo de cerca de 2,2 milhões para quase 2,85 milhões. O mesmo ocorreu com as radioterapias, outra fase importante do tratamento ao câncer, que saltaram de 8,3 milhões, em 2010, para 10,5 milhões em 2014, após aumento de ampliação de 25,8%
Portal Brasil, 09/10/2015