O Ministério da Saúde, a Fiocruz e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançaram essa semana o primeiro volume da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), desenvolvida durante o ano de 2013. A pesquisa apontou uma redução expressiva do número de fumantes no Brasil. Ao comparar os dados da PNS com os da Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab), de 2008, o Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab) da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) observou que o percentual de fumantes adultos de 18 anos ou mais diminuiu.
A Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab) indicava o percentual de 18,2% de fumantes adultos, número que caiu para 14,7% na análise da PNS, o que representa uma redução percentual de 19,2%. Analisando por gênero, os homens representavam 22,9% na PETab, e na PNS caíram para 18,9%, uma redução percentual de 17,5%. Na análise feminina os números foram de 13,9% (PETab) para 11% (PNS), ou seja, 20,9% de redução percentual.
Para a coordenadora do Cetab, Valeska Figueiredo, a queda é resultado, principalmente, do avanço das políticas de controle do tabaco. Ela recorda que no período entre as pesquisas – PETab de 2008 e PNS de 2013 – as políticas de controle do tabaco obtiveram grandes avanços que contribuíram significativamente para a redução do número de fumantes. Entre eles, o aumento do número de municípios e estados brasileiros com legislação que proíbe fumar em ambientes públicos fechados e a política de aumento de preços e impostos que vem diminuindo o acesso do tabaco a pessoas de baixa renda e de menor classe social.
Outro aspecto analisado foi o nível de escolaridade dos fumantes relacionado à redução do consumo. Os dados mostram que na PETab 23,4% dos fumantes não tinham instrução ou possuíam ensino fundamental incompleto, na PNS o número foi para 20,2%, totalizando 13,7% de redução percentual. Nas pessoas com ensino fundamental completo e ensino médio incompleto, os números foram de 18% (PETab) para 16,6% (PNS), reduzindo percentualmente em 7,8% o número de fumantes.
“Apesar dos avanços, infelizmente o tabagismo continua sendo uma das mais importantes causas de desigualdade no Brasil. A comparação dos dados mostra que enquanto entre pessoas com nível superior a redução do percentual de fumantes foi de 22,1%, entre pessoas sem instrução ou com nível fundamental incompleto foi de 13,7%”, lamentou a coordenadora.
Na análise da população com nível de escolaridade maior, os resultados foram melhores. Usuários de tabaco com ensino médio completo ou superior incompleto passaram de 12,1% na Pesquisa Nacional de Tabagismo para 10,4% na Pesquisa Nacional de Saúde, uma redução percentual de 14%. Nos fumantes com nível superior completo a redução percentual foi ainda maior, 22,1%, saindo de 11,3% na PETab para 8,8% na PNS.
As políticas de controle do tabagismo vêm sendo implementadas pelas lideranças da Comissão para Implementação da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (Coniq), do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, coordenado pelo Instituto Nacional do Câncer em parceria com ação da sociedade civil sob a liderança da Aliança para o Controle do Tabaco (ACT). O Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab/Ensp) foi criado em 2011 e desenvolve estudos que oferecem subsídios as ações dessas instituições.
A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS)
A Pesquisa Nacional de Saúde é um inquérito de base domiciliar de âmbito nacional realizado em 2013, que tem como objetivo caracterizar a situação de saúde e os estilos de vida da população, bem como a atenção à sua saúde quanto ao acesso e uso dos serviços, às ações preventivas, à continuidade dos cuidados e ao financiamento da assistência.
A PNS faz parte do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares (SIPD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e terá periodicidade de cinco anos. Ela traz uma amostra de 80 mil domicílios, essa amostra contém recortes regionais do Brasil, entre grandes regiões; unidades da Federação e municípios das capitais; e Distrito Federal. As informações são apresentadas por gênero, faixa etária, nível socioeconômico e educacional.
Informe ENSP, 17/12/14