Cipriano Maia, presidente do congresso, abriu a sessão de encerramento com os números finais. Foram 1988 inscritos e 201 convidados, totalizando 2.200 pessoas, incluindo profissionais de imprensa e de apoio, configurando o maior edição já realizada pela Comissão de Política, Planejamento e Gestão (CPPG/Abrasco).
“A riqueza dos debates que tivemos ficaram evidentes em toda a programação, tanto nas mesas-redondas como nas comunicações coordenadas. Ousamos inovar em situações mesmo sabendo que encontraríamos resistência, como o objetivo de fazer um encontro com menos papel”, ao qual agradeceu o apoio decisivo do Laboratório de Inovações Tecnológicas em Saúde (LAIS/UFRN), bem como os docentes, pesquisadores associados e estudantes que compuseram as comissões locais. “Recebi o reconhecimento da nossa capacidade de organizar este evento e propiciar as condições para que pudéssemos dialogar, trocar experiências, inquietações, afetos, saberes e resgatar esperanças, pois foi o que nos sobrou do mito de Pandora. Saímos mais incomodados com a conjuntura e com mais motivos para continuar essa luta”.
O docente pediu ainda uma salva de palmas em homenagem a Nelson Rodrigues dos Santos, o Nelsão, pelo seu valoroso papel no movimento da Reforma Sanitária Brasileira e convocou à mesa os novos coordenadores da CPPG/Abrasco presentes à sessão – Eduardo Levcovitz (IMS/Uerj) e Tadeu Costa (UFMA). A coordenação conta ainda com Rita de Cássia Lima (UFES).
Em despedida da função de coordenador da CPPG/Abrasco, Alcides Miranda (UFGRS) ressaltou o significado político que o III Congresso teve para a Abrasco como um todo. “Para uma associação civil que discute uma práxis que não se restringe a um modelo de sistema de saúde, mas que pauta um projeto civilizatório, garantir a inclusão e o envolvimento que tivemos nesses quatro dias só ressaltou para mim uma frase que Gastão tem reiterado nesta nossa gestão: a esperança somos nós. Buscamos isso em algumas decisões e as pessoas assumiram as responsabilidades, com muita sintonia e aproximação. Mas o que mais me emocionou foi ver as rodas de conversa em torno dos pôsteres, de ver viva as interlocuções temáticas e as articulações de contato que juntas tecem redes que nos animam, nos renovam de esperança e que nos mobilizam”.
Miranda ressaltou que a caminhada da atual comissão começou sob a batuta de Oswaldo Tanaka (FSP/USP), e que sentiu a grande responsabilidade de substituí-lo, responsabilidade essa que repassa para a coordenação que agora começa. “A tarefa de uma comissão da Abrasco não é só fazer congressos, o que é sim importante, mas vai além, passa pela construção de agendas e de sujeitos políticos compromissados com a garantia da qualidade e da pluralidade da nossa área. Sigamos na luta”.
“Não estava programado falar agora e, vindo de um tempo de atividades no exterior, não pensava em abraçar essa responsabilidade. No entanto, ter participado ontem da reunião da Comissão, que juntou quase a totalidade das instituições que a compõem, e viver a dramática situação por que passa a minha instituição, a Uerj, prepara qualquer um para a luta e para o enfrentamento”, iniciou Eduardo Levcovitz ao abrir oficialmente sua coordenação. “Apesar de toda a crise, o IMS fez-se presente com oito professores e 13 alunos. Esse aprendizado mostrou-me ser necessário abraçar esse trabalho junto com Rita e Tadeu; reconhecer o esforço e a dedicação das comissões local e científica desta edição e abraçar o desafio de fazer o congresso com a mesma qualidade em 2020, com a esperança de que a situação política do país seja radicalmente diferente”, completou.
Tadeu Costa falou da honra de assumir este compromisso coletivo com a CPPG/Abrasco num momento de crise. “Compomos esse movimento crítico que é a Reforma Sanitária e temos de apostar na reconstrução das bases sociais e assim ter o próximo Abrascão como estratégia, e não como uma finalidade. Acho que este congresso de Natal reafirmou esse espírito. Com carinho recebo o convite e aceito de colocar um sangue novo nessa construção. Vamos nessa”.
Reafirmamos o nosso compromisso: Gastão Wagner assumiu a condução dos trabalhos e anunciou os documentos encaminhados à plenária final: “Saúde é uma escolha política – nota de posicionamento do GT Promoção da Saúde e Desenvolvimento Sustentável (GT PSDS/Abrasco)”; “Carta Aberta da Abrasco Jovem no III Congresso de Política”, e “Moção de Repúdio à Política do Ministério Público e do Juizado de Infância de Belo Horizonte de separação forçada de bebês de suas mães em situação de vulnerabilidade”, todos aprovados por aclamação.
Na sequência, prosseguiu com a leitura da Carta de Natal, construída pela CPPG/Abrasco e diretoria, que destaca a reafirmação dos compromissos da Abrasco com a efetiva garantia do direito à saúde e com o desafio da construção de um SUS, universal, público e de qualidade.
“Somos uma entidade de tradição plural que tem o componente cientifico como essência, uma ciência que é troca e diálogo. A roda de conversa em torno dos pôsteres deu dignidade aos apresentadores. Essa pluralidade e respeito esteve também nas mesas, nas atividades culturais, nas comunicações coordenadas. É importante frisar que esse congresso foi afetivo. Tratamos de reconhecer os momentos difíceis que estamos vivendo, particularmente dos mais explorados, mas também para nós que apostamos na democracia como estratégia para a construção de uma sociedade com presente e futuro melhores”, ressaltou o presidente da Abrasco, destacando a unidade em torno do SUS e da democracia como os valores centrais da entidade. “Saímos mais orientados justamente por isso, por termos um presidente que admite que faz erros, por termos uma diretoria e GTs que acertam e erram. Democracia também é isso”.
Gastão agradeceu mais uma vez a comissão local e elogiou a dedicação da UFRN. “A avaliação desse III Congresso é positiva, o processo refletiu isso. Fizemos um congresso o dobro do anterior e com metade dos recursos. Isso é prova dessa nossa vontade de fazer”, concluiu Gastão, anunciando a edição do quarto congresso de Política, Planejamento e Gestão em Saúde para o ano de 2020, a ser realizado em São Paulo e coordenado localmente por integrantes das comunidades científicas do DMP/FM/USP, da FSP/USP e da FCM/Unicamp. Destacou o fortalecimento da vida orgânica da Abrasco, que realizou uma reunião junto a representantes de todos os GTs, comissões, comitês e fóruns da associação, e da injeção de ânimo dada ao Fórum de entidades do Movimento da Reforma Sanitária, que recebeu 15 novas adesões. Em ambos os encontros, foi aprovado o protagonismo da Associação em convocar uma frente ampla, para além da área da saúde, com o objetivo de construir um documento para as eleições de 2018. “Que a paz, o afeto e a capacidade de inquietar estejam com todos nós. Até nosso próximo encontro.”
Fonte: Abrasco