O Brasil é o oitavo país entre os com maior número de suicídios registrados, segundo relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 800.000 pessoas se suicidam todos os anos no mundo, ou seja, uma pessoa tira a própria vida a cada 40 segundos, uma cifra maior que as vítimas de guerra ou de catástrofes naturais.
Em 2012, no Brasil foram registradas 11.821 mortes por suicídio, sendo 9.918 de homens e 2.623 de mulheres, uma taxa de 6% para cada 100.000.
A maioria das pessoas que cometem suicídio no mundo tem mais de 50 anos e o suicídio afeta duas vezes mais os homens do que as mulheres, de acordo com este relatório da OMS publicado em Genebra, o primeiro de seu tipo.
O sudeste da Ásia é uma região mais afetada do que o resto do planeta, com uma taxa de suicídio de 17,7 por 100.000 habitantes, superior à média mundial de 11,4 por 100 mil. Em países de tradição católica, como a Itália (4,7) e a Espanha (5,1), as taxas registradas são significativamente mais baixas.
Cerca de 1,5 milhão de pessoas morre a cada ano de morte violenta, incluindo os 800.000 de suicídio, segundo os autores do estudo. “Estes números são inaceitáveis porque o suicídio pode ser evitado por uma política de prevenção”, declara Shekar Saxena, diretor de Saúde Mental da OMS.
Além disso, o relatório aponta que o suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. O consumo de pesticidas, o enforcamento e as armas de fogo são os métodos mais comuns de suicídio.
Na França, em 2012, 10.093 pessoas cometeram suicídio, incluindo 7.475 homens e 2.618 mulheres. A taxa de suicídio é de 12,3 por 100.000 habitantes, superior à média mundial de 11,4.
“São necessárias medidas para lidar com um sério problema de saúde pública que permaneceu um tabu por muito tempo”, ressalta a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, que também indica que esse ato desesperado pode ser evitado.
A agência da ONU defende, de fato, uma estratégia abrangente para a prevenção do suicídio, pois muitas pessoas que tiram suas próprias vidas não recebem a ajuda de que necessitam.
Na Europa a taxa de suicídio (12%) é superior à média global, com 35.000 vítimas relatadas. Seis países europeus estão entre os 20 países mais afetados por este flagelo. Belarus teve a taxa mais elevada da Europa em 2000 (35,5%). Em 2012, a taxa caiu para 18,3. A Lituânia em 2012 teve uma taxa de 28,2, a Rússia de 19,5, a Hungria de 19,1, a Ucrânia 16,8, a Polônia 16,6, a Letônia 16,2, a Finlândia 14,8, e a Bélgica 14,2.
A Guiana carrega o recorde mundial de suicídios com uma taxa de 44,2, seguida pela Coreia do Norte, com 38,5. A taxa de suicídio mais baixa é da Arábia Saudita, com apenas 0,4.
O objetivo traçado pela OMS é reduzir em 10% a taxa de suicídio em todos os países até 2020. De acordo com a OMS, o suicídio e as tentativas são ainda considerados atos criminais em 25 países do mundo, principalmente na África e na América Latina.
A OMS também denuncia neste relatório a apresentação “sensacionalista” da imprensa de suicídios de personalidades famosas. Os meios de comunicação, considera a especialista da OMS Alexandra Fleischmann, deveriam evitar falar sobre suicídio, e privilegiar o termo “perda”.
O professor Ella Arensman, presidente da Associação Internacional de Prevenção do Suicídio, diz, por sua vez, que recebeu várias mensagens após a cobertura da mídia do suicídio do ator Robin Williams, que tinham atravessado crises suicidas e que estavam a ponto de afundar.
O relatório da OMS não estuda a questão do suicídio assistido, como a Suíça autoriza, em casos de doenças incuráveis. “Este é um fenômeno muito pequeno estatisticamente para ser incluído no estudo”, justifica Saxena.
Na Suíça, foram registrados no ano passado 350 suicídios assistidos, através de organizações especializadas na prática, como a Dignitas e Exit. A taxa de suicídio no país, excluindo o suicídio assistido, foi de 12,2 por 100.000 habitantes.
Portal Terra e AFP, 04/09/2014