Fiocruz e Servier: parcerias e prêmio para neurociências

A busca por um medicamento contra o câncer e a transferência de tecnologia que possibilitará a fabricação nacional de um remédio inovador no combate à isquemia cardíaca. Essas foram duas das parcerias entre a Fiocruz e o Grupo Servier anunciadas nesta quarta-feira (6/4) no evento que comemorou os 40 anos do laboratório francês no Brasil. Durante o encontro, na sede da empresa em Jacarepaguá, foi lançado ainda o Prêmio Servier-Fiocruz para incentivar, pelos próximos três anos, a pesquisa na área de neurociências. Serão 120 mil euros para contemplar estudos nesse período. Na primeira edição, já em novembro, haverá atenção especial aos trabalhos voltados para as consequências do vírus da zika sobre o sistema nervoso central, incluindo o aporte de mais 30 mil euros para os vencedores.

“Acima de tudo, estes 40 anos permitem-nos encarar o futuro com entusiasmo e escrever uma nova página na Servier Brasil com ambição e determinação”, afirmou o presidente mundial do Grupo Servier, Olivier Laureau. Ao lado do presidente da empresa no Brasil, Christophe Sabathier, Laureau recebeu durante o evento convidados como o cônsul da França no Rio de Janeiro, Brice Roquefeuil, o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, e representantes de entidades médicas e do Ministério da Saúde.

“A Fiocruz encontrou na Servier uma visão, uma possibilidade de atuar naquilo que consideramos o mais essencial. Queremos firmar parcerias que tenham amplitude: não tratem só do processo de pesquisa, inovação e produção, mas também identifiquem os campos onde, do ponto de vista da demanda brasileira, essa atuação se faz mais necessária”, disse o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.

Parcerias

Também foi anunciada outra parceria entre as duas instituições que prevê a transferência de tecnologia que permitirá a fabricação da terceira geração de um medicamento inovador (o Vastarel) para o tratamento da isquemia cardíaca, segunda doença de maior mortalidade no mundo. O medicamento produzido em parceria com a Fiocruz abastecerá o mercado nacional e estará disponível também para exportação. A plataforma já tem desenvolvimento para outros medicamentos e poderá ser utilizada para desenvolvimento de novos produtos de interesse do sistema público de saúde.

Outra parceria firmada entre as duas entidades está relacionada às pesquisas contra o câncer. Ao lado da Fiocruz, o laboratório vai trabalhar extratos de plantas da biodiversidade brasileira regularizados junto ao Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN), na busca por novos medicamentos de combate à doença. O Centro de Pesquisa Servier, em Croissy (Paris), oferecerá as suas instalações para testes por pesquisadores da Fiocruz junto com uma equipe do Polo de Biotecnologia, Biologia, Química Expertise da Servier. Os medicamentos desenvolvidos a partir desta parceria terão opção de transferência de tecnologia para disponibilização pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Prêmios

Ao longo dos próximos três anos, serão distribuídos um total de 120 mil euros aos pesquisadores que desenvolverem linhas de estudo tendo como foco a pesquisa em neuroinflamação e em desordens de desenvolvimento neurológico. Em novembro, ocorrerá a primeira etapa do prêmio Servier-Fiocruz, com a entrega de 30 mil euros ao vencedor da categoria dedicada à infecção por vírus zika.

Como parte dos 40 anos da Servier no Brasil, também foi lançada a segunda edição do Prêmio Sergio Ferreira, uma iniciativa do grupo em conjunto com a Sociedade Brasileira de Cardiologia. Ao atribuir o nome de Sergio Ferreira a esse prêmio, as duas entidades quiseram honrar um dos mais famosos pesquisadores brasileiros por trás da descoberta de um princípio que revolucionou o controle da hipertensão e das suas complicações cardiovasculares. A primeira edição do prêmio foi entregue em junho de 2015 a dez centros de pesquisa nacionais como forma de reconhecimento pelos trabalhos que vêm realizando sobre hipertensão.

Servier

Entre os 30 principais grupos farmacêuticos do mundo, a Servier faturou 3,9 bilhões de euros no mundo em 2015 e tem um modelo de negócio único: é uma fundação privada sem fins lucrativos, 100% dedicada para a pesquisa e desenvolvimento de medicamentos inovadores com 100% do lucro reinvestido a cada ano. Não há distribuição de dividendos.

Portal Fiocruz, 07/04/2016