Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, abriu o segundo dia do IX Congresso Brasileiro de Epidemiologia (Epivix), falando sobre os desafios presentes no uso das tecnologias para ampliar o controle de doenças em todo o país. Jarbas apresentou dados, que já podem ser acessados no site da Secretaria de Vigilância em Saúde, de doenças como a tuberculose, malária, as doenças sexualmente transmissíveis (DST), assim como as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e ainda a gravidez na adolescência.
Sobre o HIV, Jarbas destacou que o Brasil está próximo de cumprir o objetivo de registrar que 90 a cada 100 pessoas que vivem com o vírus HIV saibam do diagnóstico e sejam submetidas ao tratamento “Chamamos esta meta de 90 90 90 2020, ou seja, queremos testar 90% da população, tratar 90% dos casos positivos e 90% destes casos tenham, após o tratamento, a carga viral indetectável. Então, acho que o Brasil possa ser seguramente um dos primeiros países que pode, em 2020, estar com esses três pressupostos cumpridos”.
A respeito da epidemia de dengue, o secretário chama a atenção para o processo de urbanização rápida que ocorreu em quase todos os países em desenvolvimento e que criou cidades sem a necessária infraestrutura urbana. Jarbas citou o fato do mosquito transmissor se proliferar principalmente em áreas urbanas, ambientes domésticos e em depósitos artificias (lixo, depósitos de armazenamento de água, etc.) e que é preciso trabalhar de maneira continuada e articulada não apenas com os gestores, mas com toda a sociedade no setor saúde para reduzir os riscos de epidemias de dengue.
Jarbas fez ainda uma avaliação do cenário das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs), que se baseia na prevenção e no controle das doenças cardiovasculares, do câncer, do diabetes e das doenças respiratórias crônicas, que hoje são responsáveis por mais de 70% das mortes no Brasil. Como titular da SVS, Barbosa é o coordenador do Plano de Enfrentamento das DCNTs até o ano de 2022, que prevê a redução em 2% ao ano da mortalidade precoce – antes dos 70 anos – por essas doenças.
Para o site da Abrasco, Jarbas comentou que o desafio não é implantar nenhuma novidade, e sim de fazer, num país como o nosso, descentralizado, com muita diversidade, com que esta novidade tecnológica chegue efetivamente a todos os municípios do Brasil.
“Um dos objetivos desta conferência é tentar fazer com que, ao voltarem para seus estados e municípios, os congressistas que já estão fazendo tudo o que é possível para melhorar o desempenho do SUS e prossigam no desafio de incorporar na prática de serviços de saúde, todas as novas ferramentas que já estão disponíveis. Muitas vezes, a tendência natural das pessoas é continuar fazendo o que já faziam e que aprenderam a fazer há muito tempo. E muitas vezes esse arsenal de ferramentas não é mais suficiente, pois o cenário epidemiológico tem novas possibilidades de intervenção, então, eu acredito que esta revisão das equipes de saúde publica e a participação das instituições de formação de recursos humanos na área da epidemiologia e de todas as áreas da saúde coletiva brasileira, são fundamentais para que se crie esta massa crítica de pensamento formador, questionador e inovador” avalia Barbosa.
Antes de agradecer aos participantes, Jarbas instigou “Saúde pública sem inquietação não é saúde pública é burocracia”.
Abrasco, 09/09/2014