O número de pessoas com 60 anos ou mais que necessitam de cuidados prolongados mais que triplicará nas Américas nas próximas três décadas, passando dos 8 milhões atuais para 27 a 30 milhões até 2050. No Dia Internacional das Pessoas Idosas, celebrado na terça-feira (1), especialistas em envelhecimento da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) pedem aos países que fortaleçam seus sistemas de saúde para poder responder a essa mudança.
As pessoas estão vivendo mais na Região, com os maiores ganhos observados na América Latina e no Caribe. “O aumento da expectativa de vida é uma das grandes conquistas das últimas décadas”, afirmou a diretora da OPAS, Carissa F. Etienne. No entanto, ela acrescentou que, “para muitas pessoas, isso vem acompanhado por doenças crônicas e deficiências que, em muitos casos, afetam a capacidade das pessoas de serem autossuficientes”.
A situação aumentará significativamente a demanda por atenção e cuidados, que deve basear-se em abordagens integradas que ajudem as pessoas idosas a manter suas capacidades funcionais.
“Os serviços de saúde devem estar adaptados às necessidades das pessoas idosas, que exigem uma gestão muito mais eficaz de seus cuidados. Isso não apenas melhora sua sobrevivência, mas também maximiza sua capacidade funcional e reduz os anos de dependência de outros”, complementou Etienne.
Em 2017, 14,6% da população das Américas tinha mais de 60 anos de idade. Em 2050, essa proporção deverá atingir quase 25% na América Latina e no Caribe como sub-região e até 30% em alguns países. Essas mudanças ocorrerão em apenas 35 anos, dando à América Latina e ao Caribe metade do tempo para se adaptar em comparação com outras regiões do mundo. Na Europa, por exemplo, essa evolução durou cerca de 65 anos; no Canadá e nos Estados Unidos, aproximadamente 75 anos.
Aumenta a expectativa de vida, mas também os anos vividos com incapacidade
A expectativa de vida nas Américas continua aumentando: ao fim de 2017, uma criança recém-nascida podia esperar viver em média 77 anos; uma pessoa de 60 anos podia esperar viver mais 22 anos; e uma pessoa com 80 anos viveria, em média, mais 9,4 anos.
No entanto, viver mais não significa necessariamente viver com boa saúde. Em toda a Região, o número de anos vividos com incapacidade aumentou 12,6% desde 2009.
“A dependência durante a última década da vida é evitável; as pessoas não precisam viver seus últimos anos com problemas de saúde”, disse Enrique Vega, chefe da unidade do Curso de Vida Saudável da OPAS. “Nós podemos fazer essa mudança; é necessário um sistema de assistência de longo prazo com base nos direitos humanos, integrado aos serviços sociais”.
Déficit de profissionais de saúde e cuidadores
De acordo com o relatório final do Plano de Ação da OPAS sobre Saúde das Pessoas Idosas 2009-2018, os recursos humanos em saúde não estão preparados para atender às necessidades das pessoas idosas. Menos de 15% dos programas de graduação em ciências da saúde nas Américas e menos de 10% das principais especialidades médicas incluem envelhecimento e saúde geriátrica em seus programas de graduação ou pós-graduação.
Ao mesmo tempo, os cuidados familiares não remunerados, que atualmente representam a maior parte dos cuidados de longa duração, oferecidos predominantemente por mulheres, se tornarão cada vez mais insustentáveis nas próximas décadas, tanto por razões éticas e sociais quanto por razões socioeconômicas e demográficas, incluindo mudanças na estrutura familiar e participação das mulheres na força de trabalho.
Olhando para a Década do Envelhecimento Saudável 2020-2030
Para promover o envelhecimento saudável, a Organização Mundial da Saúde (OMS) liderará a Década do Envelhecimento Saudável 2020-2030, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A Década será um esforço mundial para alcançar vidas mais longas, mas também saudáveis.
O Dia Internacional das Pessoas Idosos é uma oportunidade para destacar as importantes contribuições dessa população para a sociedade e conscientizar sobre as oportunidades e os desafios do envelhecimento no mundo de hoje. A campanha procura destacar as desigualdades atualmente enfrentadas pelas pessoas idosas e evitar formas de exclusão que possam surgir no futuro.