Os caminhos do Sistema Único de Saúde foram o tema do mais recente Fórum Permanente de Políticas Públicas e Cidadania, na terça-feira, 8 de agosto, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp. O encontro contou com a presença do presidente da Abrasco, professor Gastão Wagner e ainda de representantes do CONASS, CONASEMS e da academia, foram duas palestras e uma mesa redonda para discussão.
Na sua conferência, Gastão Wagner falou sobre “A saúde como política de Estado na atualidade” e ainda sobre o trabalho que desenvolve na Associação Brasileira de Saúde Coletiva – “O Brasil não pode viver sem o Sistema Único de Saúde, seria um grande retrocesso na nossa qualidade e esperança de vida, e o SUS está sendo desconstruído, está sendo desmontado. Não há um enfrentamento aberto, não ouvimos dos políticos que se vai fechar o SUS ou até mesmo privatiza-lo, mas como também não cuidam dele – e dá muito trabalho cuidar dele, de fato estamos tendo uma redução da capacidade de atendimento do SUS e a população agoniada”. Gastão também chama atenção para a participação dos Movimentos Sociais da defesa da universalização da saúde – “Recomendo que ninguém vote em nenhum político que seja contra o SUS! Procurem se informar sobre isso. Hoje, a maior parte do parlamento é contra o SUS, são tão conservadores que acham que não é preciso mais termos políticas públicas e que o mercado dá conta de tudo: uma grande simplificação. Não votemos em pessoas que querem desconstruir o SUS”, alerta Gastão.
Organizado pela pesquisadora Carmen Cecília de Campos Lavras, o Fórum abordou o Sistema Único de Saúde com debate em torno das políticas públicas e desafios na rede básica. Vários pontos foram abordados, com destaque aos impactos da crise no SUS do país. Como coordenadora do Programa de Estudos em Sistemas de Saúde da Universidade Estadual de Campinas, Carmen Lavras, vê falta de verba no setor e aponta a necessidade de uma melhor gestão – “Precisamos de maior investimento sem dúvida nenhuma. Agora, nós precisamos articular melhor aquilo que a gente tem. Então isso significa trabalhar em rede, trabalhar de uma forma organizada para que as coisas aconteçam. O sub financiamento do SUS é o principal desafio, nós temos sim uma questão de uma burocracia muito grande, nós precisamos trabalhar numa reforma política nessa perspectiva e isso engessa muito às vezes o poder público no sentido de dar agilidade para responder as necessidades de saúde. Mas eu acho também que junto com isso ele encobre um problema de sub financiamento, e o Sistema Público de Saúde, desde que foi criado, sempre foi subfinanciado. Estou falando de milhões de brasileiros que foram incorporados e que não tinham assistência nenhuma e que passaram a ter através do SUS, de um avanço científico e tecnológico e no que isso significa em termos de transplante de alta tecnologia que todo mundo vem pro SUS. Eu tô falando num plano nacional de imunização, no programa de AIDS que é um sucesso. O SUS é um sucesso enquanto sistema público mas tem que se repensar pra poder avançar num momento de crise, mas pra continuar se consolidando como um sistema universal. Dados do Ministério da Saúde apontam que no Brasil mais de 70% dos pacientes têm como referência o SUS”, lembra Carmen.
São vários os desafios do Sistema Único de Saúde. Além da necessidade da ampliação da integração entre os diferentes agentes e o fortalecimento da atenção básica em busca de sua universalização, o SUS enfrenta riscos por causa das ameaças causadas pelas crises política e econômica. Houve ainda participação da professora Fabíola Sulpino, que abordou o tema “Para onde caminha o financiamento da saúde no Brasil?” e do professor Eugênio Vilaça Mendes que palestrou sobre “Os desafios da integração do SUS e o fortalecimento da atenção básica”.
Fonte: Abrasco