Pela saúde das mulheres e dos jovens

Representantes de oito países da América Central, de organizações não governamentais e das Nações Unidas se reuniram nesta semana (10), no Panamá, para discussões sobre a implementação a nível regional da Estratégia Mundial para a Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente. Marco global determina que Estados-membros da ONU ponham um fim, até 2030, à mortalidade de mulheres e jovens por problemas de saúde preveníveis.

Durante o encontro, o diretor do Departamento de Família, Gênero e Ciclo de Vida da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Andrés De Francisco, insistiu sobre a importância do investimento no bem-estar dos recém-nascidos.

“Para cada dólar investido em nutrição nos primeiros mil dias de vida, obtêm-se 30 dólares em benefícios relacionados a saúde e educação”, afirmou. Segundo o especialista, os recursos com a alimentação adequada são infinitamente menores que os custos futuros da ausência de ação.

Francisco alertou ainda para as desigualdades de gênero, étnicas, raciais e econômicas, que têm impacto sobre a saúde das pessoas. O tema foi destaque também da análise feita pelo representante da OPAS no Panamá, Gerardo Alfaro.

“A expectativa de vida de uma menina que nasce hoje, na Cidade do Panamá, é de 80 anos, mas se essa mesma menina nasce em determinado bairro, terá sua expectativa de vida reduzida em 20 anos”, disse o diretor nacional da agência da ONU.

Na América Central, foi criado um mecanismo coordenador, responsável por ajudar Estados-membros a adaptar a Estratégia Mundial aos contextos nacionais e regionais. O organismo é composto pela OPAS, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), pelo Fundo de População da ONU (UNFPA), pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).

Violência e desastres naturais

Especialistas reunidos no Panamá também chamaram atenção para outras determinantes sociais associadas à saúde da mulher, da criança e do adolescente.

Saskia Carusi, do Fundo das Nações Unidas para a Prevenção de Desastres, lembrou da vulnerabilidade geográfica da América Central a catástrofes naturais, cujas consequências são agravadas por problemas como pobreza, urbanização não planejada e violência. “Durante um desastre, a probabilidade de uma mulher morrer é 14 vezes maior do que a de um homem”, comparou.

Temístocles Díaz, conselheiro do Ministério da Saúde panamenho, acrescentou que políticas de saúde devem atender não apenas as pessoas em extrema pobreza, mas também as que correm o risco de voltar à miséria.

Durante a consulta sub-regional sobre a Estratégia Mundial, também foram discutidas pautas como a necessidade de produzir estatísticas sobre o bem-estar das populações; o estabelecimento de pactos fiscais para proteger fundos cujas verbas são destinadas à saúde; e a criação de mecanismos de auditoria sociais, para aumentar a participação dos cidadãos na gestão.

 

 

Fonte: ONU