A análise epidemiológica precisa ser capaz de antecipar problemas, orientar a tomada de decisões pelos gestores públicos e oferecer alternativas e soluções. A afirmação foi feita na noite deste domingo (8) pelo representante da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) no Brasil, Joaquín Molina, durante a abertura do 10º Congresso Brasileiro de Epidemiologia.
“É preciso integrar os determinantes sociais da saúde nas nossas análises. Defender e incorporar o enfoque de gênero no nosso dia a dia. E intensificar ainda mais a luta contra a desigualdade e as inequidades em saúde e bem estar, que tanto lastima a todos nós”, disse.
O evento, organizado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) e a Universidade Federal de Santa Catarina, reúne pesquisadores, docentes, alunos e profissionais de saúde, tanto brasileiros quanto de outras partes do mundo, para facilitar o intercâmbio de experiências.
“O desenvolvimento da epidemiologia no Brasil nos últimos 30 anos está intimamente ligado à história do SUS (Sistema Único de Saúde). Os sistemas de informação estruturados na rede do SUS foram e são a base da maioria das análises e estudos produzidos nas últimas décadas e os que aqui se estão a apresentar. Dessa forma, o crescimento da cobertura do SUS marcou o desenvolvimento e aumento de cobertura e qualidade dos sistemas de informação em saúde do Brasil”, ressaltou Molina.
Segundo ele, o país tem ainda grandes desafios a enfrentar e a ampla programação do Congresso Brasileiro de Epidemiologia “os reflete com precisão”. Como exemplos, citou que o Brasil possui uma alta variedade e carga de doenças negligenciadas e mencionou a emergência de enfermidades infecciosas, como chikungunya, zika e febre amarela.
“Por outro lado, temos visto na última década uma enorme melhoria dos indicadores socioeconômicos e de saúde, junto com uma significativa diminuição das desigualdades. Temos um futuro de ilusões e desafios. E, nesse caminho, e em defesa do SUS vocês podem contar com o apoio e a parceria da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde”, acrescentou o representante.
Segurança no trânsito
Ao longo do evento, a OPAS/OMS fará uma série de apresentações, além de moderar mesas redondas, sobre temas como consumo de álcool, zika, entre outros. Uma delas tratará da experiência da Organização no controle da violência no trânsito.
A epidemiologia está nas bases do envolvimento da OPAS/OMS com o tema. Em 1962, por exemplo, a OMS sugeriu pela primeira vez, no relatório Road Traffic Accidents, a abordagem dos acidentes de trânsito a partir de fundamentos epidemiológicos. Na época, foi utilizada a seguinte analogia com a tríade ecológica das doenças infecciosas: hospedeiro = usuário da via; agente = veículo; e ambiente = via de tráfego.
Durante o Congresso, a OPAS/OMS vai apresentar algumas de suas mais importantes iniciativas na área de segurança no trânsito. Um exemplo é a compilação e análise de dados que retratam e informam sobre as situações mundiais, regionais e nacionais; identificam lacunas em fatores de risco específicos; avaliam o progresso; permitem comparações; estimulam iniciativas, mudanças e debates; subsidiam planos de ação e estratégias nacionais; e fornecem importantes informações para o trabalho dos meios de comunicação.
Fonte: Opas