OMS sinaliza principais desafios para resposta global ao HIV

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está sinalizando os quatro principais desafios para resposta global ao HIV enquanto a comunidade internacional se reúne entre os dias 18 a 22 de julho em Durban, África do Sul, para a Conferência Internacional sobre Aids. A organização destaca a necessidade de renovar a atenção para a prevenção do HIV, bem como manter a dinâmica na ampliação do acesso ao tratamento. Sinaliza também a emergência quanto ao crescente surgimento de resistência aos medicamentos antirretrovirais e a necessidade de financiamento sustentável para a resposta global.

“O enorme progresso sobre o HIV, particularmente no tratamento, é uma das grandes histórias de sucesso de saúde pública do século”, afirmou Margaret Chan, Diretora-Geral da OMS. “Entretanto, não é um momento para complacência. Se o mundo quer atingir a meta de acabar com a Aids até 2030, deve expandir e intensificar rapidamente seus esforços.”

Prevenção
Em nível global, o progresso na prevenção do HIV estagnou. Em 2015, havia 2,1 milhões de novas infecções pelo HIV – número pouco menor que o registrado em 2010 (2,2 milhões). Em algumas regiões, e entre alguns grupos, as infecções estão aumentando. Em lugares onde a epidemia estava sob controle, ela volta a emergir – como, por exemplo, em populações urbanas com homens que fazem sexo com homens.

Em 2014, 35% das novas infecções por HIV no mundo ocorreram entre homens que fazem sexo com outros homens; profissionais do sexo e seus clientes; pessoas transgênero; pessoas que injetam drogas e que estão privadas de liberdade. Na África Oriental e do Sul, meninas com idade entre 10 e 19 anos permanecem particularmente vulneráveis e afetadas.

Reduzir novas infecções significa abordar as barreiras sociais e legais que impedem muitas pessoas de acessar os serviços de HIV. Isso significa orientar os programas de prevenção para que os serviços certos atinjam os grupos mais vulneráveis e afetados.

A OMS observa que uma melhor prevenção será feita se os países investirem estrategicamente em abordagens de maior impacto, como por exemplo por meio de novas intervenções, como a profilaxia pré-exposição (PrEP) – onde as drogas antirretrovirais são usadas para proteger as pessoas com alto risco de infecção pelo HIV.

A organização também ressalta a importância de revitalizar abordagens há muito estabelecidas, como a promoção do uso de preservativos e a manutenção da dinâmica de circuncisão masculina voluntária nos 14 países mais afetados da África Oriental e do Sul, onde 11,7 milhões desses procedimentos foram realizados em 2015.

Ao mesmo tempo, os países precisam entregar tais serviços de forma mais eficiente para atingir mais pessoas com menor custo, incluindo a integração da prevenção ao HIV nos serviços de saúde sexual e reprodutiva.

Tratamento

Desde 2015, a OMS recomenda que todas as pessoas diagnosticadas com HIV iniciem a terapia antirretroviral o mais cedo possível para prevenir a doença e a morte. A captação da política “Treat All” da OMS tem sido rápida. A implementação foi facilitada pelas recentes melhorias na terapia antirretroviral utilizada – um comprimido por dia, o que é seguro e bem tolerado.

O tratamento salva vidas: as mortes relacionadas à Aids caíram 45% desde seu pico em 2005 e 26% desde 2010. Expandir o tratamento para o HIV também ajuda a reduzir a transmissão. Entretanto, muitos desafios permanecem. Mais de 40% das pessoas que vivem com o HIV ainda não sabem que estão infectadas, destacando a necessidade de pronto acesso a serviços de testagem simples e de baixo custo. O auto teste fornece a oportunidade para mais pessoas serem testadas, particularmente aquelas que são relutantes a usar os serviços de saúde.

Há também uma necessidade de adaptar os programas de tratamento para alcançar pessoas que possam ser relutantes e para assegurar que as mesmas sejam apoiadas por uma gama completa de serviços comunitários, bem como reforçar os sistemas de saúde em termos mais gerais para que as pessoas possam receber todos os serviços que necessitam.

Resistência ao medicamento
O último relatório da OMS sobre resistência aos medicamentos para HIV (2004-2008) mostrou que 5% das pessoas que faziam a terapia antirretroviral eram resistentes a pelo menos uma droga antirretroviral. A organização está acompanhando as tendências e registrando indícios preocupantes de que a resistência a essas drogas está emergindo como uma ameaça mais significativa em alguns países e populações.

Por isso, a OMS está lançando o relatório “Early Warning Indicators of HIV drug resistance” em Durban para ajudar os países a acompanhar fatores que podem contribuir para o problema. Esses fatores do programa incluem adesão ao tratamento e retenção nos serviços, interrupções no fornecimento de medicamentos antirretrovirais e má qualidade nos serviços de tratamento.

O relatório descreve as ações que os países precisam tomar a fim de identificar precocemente e agir rapidamente para evitar a resistência aos medicamentos. Como o tratamento continua a se expandir, os Estados terão que ser vigilantes para garantir a qualidade dos serviços de tratamento e minimizar o surgimento da resistência aos medicamentos. Para enfrentar essa ameaça, a OMS está desenvolvendo um Plano de Ação Global sobre resistência aos medicamentos para HIV – chamando os países a continuar a vigilância para assegurar uma ação rápida.

Financiamento para uma resposta sustentável
A constante expansão da agenda de desenvolvimento, mudança de prioridades dos doadores e contínuas ameaças à economia global impõem desafios ao esforço de financiamento para acabar com a Aids. Ele será importante para garantir a reposição plena do Fundo Global contra Aids, tuberculose e malária em setembro.

Países de média renda enfrentarão desafios específicos enquanto transitam de um financiamento externo para um financiamento predominantemente doméstico dos serviços de HIV e outros. Ao mesmo tempo, os países precisam alinhar as respostas ao HIV para a cobertura universal de saúde e acesso à proteção social. Isso vai obrigá-los a gerar mais recursos para a saúde em geral, por meio de impostos, por exemplo, e estabelecer mecanismos robustos de financiamento que permitam aos indivíduos receber os serviços que precisam sem passar por dificuldades financeiras.

Também será importante para melhorar a relação custo-eficácia e aumentar a eficiência. Trabalhar para baixar o custo dos medicamentos e outros produtos é uma maneira de fazer isso. Outro é ter uma maior integração dos serviços de HIV com o sistema de saúde geral e fazer o máximo de plataformas do sistema de saúde comuns, tais como informação estratégica, recursos humanos e aquisição e gestão de suprimentos.

OPAS, 15/07/2016